Mais de 1.600 crianças e jovens vivem em abrigos de Alagoas

Números preocupantes foram apresentados, nesta segunda, durante o Encontro Estadual sobre adoção; interação e conscientização são as palavras de ordem

Por: www.tribunahoje.com

Um pequeno recorte sobre situação da adoção foi mostrado, na manhã desta segunda-feira (2), pela Comissão Estadual Judiciária de Adoção Internacional (Cejai), da Corregedoria-Geral da Justiça de Alagoas, e revelou a triste realidade de crianças e adolescentes que vivem em 27 abrigos distribuídos em diversos municípios de Alagoas.
Embora defasados, os números apontaram que de janeiro de 2009 a janeiro de 2011 mais de 1.600 crianças e adolescentes aguardavam a tão sonhada família.
O esboço demonstrou a profunda fragilidade de filhos abandonados pelos pais que sem ter uma família sonham em encontrar um lar digno para viver.
O evento foi realizado no auditório da Escola Superior da Magistratura (Esmal), em Maceió.
O corregedor-geral de Justiça, James Magalhães, chamou a atenção para os conselhos tutelares do Estado, resumindo sua fala em duas palavras: interagir e conscientizar. Durante o evento, Magalhães cochichava uma dezena de palavras no ouvido da secretária de Estado da Mulher, Cidadania e Direitos Humanos, Kátia Born, frisando que “muita coisa não se fez e nem se faz por estas crianças e adolescentes abandonadas”.
Segundo ele, a criança precisa de uma família e, à medida que passa o tempo dentro de um abrigo, a oportunidade de voltar para um lar vai ficando mais difícil.
De acordo com o superintendente de Políticas para a Criança e Adolescente e do Conselho Estadual de Direitos da Criança e Adolescente (Cedca), Claudio Soriano, 1.677 crianças e adolescentes vivem nos 27 abrigos e casas de acolhimento em vários municípios alagoanos. Deste quantitativo, ele contou que 754 reintegraram a família. Em dois anos, conforme dados coletados pela Comissão, o número de adolescentes era de 176 e de crianças 181.
Soriano lembrou que a maior dificuldade encontrada nos abrigos é o numero insuficiente de voluntariado para seguir adiante.
Ele apontou que pela dependência dos voluntários as ações ficam limitadas prejudicando o andamento do projeto.  
No Brasil, mais de 19 mil crianças e adolescentes são atendidas nas casas de acolhimento, porém, 10% delas estão em condição legal para adoção. Claudio Soriano explicou que lamentavelmente este percentual ainda é pequeno em razão das exigências dos interesses em adotar, pois ele disse que a maioria ainda opta pelo perfil de crianças recém-nascidas, do sexo feminino e de cor branca.  

Doações internacionais
Em 13 anos, o Estado de Alagoas realizou 2.535 adoções internacionais para países como Itália, Estados Unidos, França, Espanha, Noruega, Canadá, França e Filipinas. Nos anos de 2006, 2008, 2009 e 2011, não houve adoções internacionais.  
O país que mais adotou alagoanos foi à Itália com 360 em 2008; 306 em 2009 e 292 em 2010.
O Presidente da Comissão Estadual Judiciária de Adoção Internacional (Cejai), José Cícero Alves da Silva, enfatizou que este número não foi maior em decorrência dos entraves do governo federal para adoção internacional.

87% das crianças se sentem alegres quando estão com seus avós, revela pesquisa
Uma pesquisa realizada pelo Cedca perguntou: o que faz uma criança feliz? E indicou que 87% das crianças e adolescentes entrevistados disseram ficar muito felizes quando estão com seus avós; 86% quando pensavam na mãe; 83% quando estavam brincando com o seu irmão; 78% quando pensava no pai.
As crianças também se sentem melhor quando estão brincando sozinhas com 85%, e 74% responderam quando estão brincando com outras crianças.
Durante o evento foi lançado o livro Manual para Cuidadores de Crianças, de 0 a 6 anos, cuja autoria é de Cláudio Soriano, Eurides Carvalho e Maria Rosa Silva. A obra impressa com 19 capítulos tem o enfoque inicial para os abrigos, e já formou 12 turmas com um total de 700 cuidadores.   

Comentários