Seca causa prejuízo de R$ 66 milhões em AL

No começo do mês de maio deste ano, o governo decretou situação de emergência em 36 municípios alagoanos vítimas da seca, e seis meses depois os efeitos deste fenômeno natural só se agravaram. O prejuízo causado em Alagoas já é de R$ 66 milhões de acordo com a Defesa Civil do Estado. Não existe previsão de chuva nesses municípios do Sertão e do Agreste alagoano.

Na última sexta-feira (9), o Governo Federal anunciou uma série de medidas para obras de prevenção aos efeitos da seca durante uma reunião realizada em Salvador com a Superintendência de Desenvolvimento do Nordeste (Sudene), a presidente Dilma Roussef e representantes dos estados afetados.


O governo federal irá investir R$ 1,8 bilhão em estados do Nordeste e em Minas Gerais, sendo que para Alagoas serão destinados R$ 134,8 milhões.

De acordo com o tenente José Cícero da Silva, técnico da Defesa Civil, com a situação de seca 458 mil pessoas foram afetadas no Estado. A Operação Pipa, que distribui água para a população, está com 200 caminhões abastecendo os municípios afetados. “O abastecimento é feito de segunda a sábado e o cronograma vai de acordo com a necessidade de cada comunidade”, colocou o tenente.

O tenente contou que durante os seis meses de seca, o prejuízo estimado de R$ 66 milhões é referente a perdas, principalmente, na agricultura e pecuária. “No nosso Estado existe mais a agricultura de subsistência e os pequenos agricultores não conseguiram plantar”.

Em relação à pecuária, o tenente explicou que o gado está perdendo muito peso e, em alguns casos, morrendo. “Para que o gado não morra, os donos estão vendendo a qualquer preço para quem tem condições de criar”, relatou.

No total, 36 municípios alagoanos foram afetados pela seca e estão em situação de emergência desde maio: Água Branca, Batalha, Belo Monte, Cacimbinhas, Canapi, Carneiros, Coité do Noia, Craíbas, Delmiro Gouveia, Dois Riachos, Estrela de Alagoas, Girau do Ponciano, Igaci, Inhapi, Jacaré dos Homens, Jaramataia, Major Isidoro, Maravilha, Mata Grande, Minador do Negrão, Monteirópolis, Olho d’ Água das Flores, Olho d’Água do Casado, Olivença, Ouro Branco, Palestina, Palmeira dos Índios, Pão de Açúcar, Pariconha, Piranhas, Poços das Trincheiras, Santana do Ipanema, São José da Tapera, Senador Rui Palmeira, Traipu e Quebrangulo.

DEMANDA DOS MUNICÍPIOS

Comitê é responsável por direcionar urgências

Para amenizar a situação dos municípios alagoanos em situação grave de seca, foi criado em maio o Comitê Integrado de Combate à Seca, que é constituído por cerca de 20 entidades, órgãos públicos do Estado e dos municípios, governo federal e organizações de produtores agrícolas.

O Comitê foi criado com o objetivo de organizar as demandas e direcionar as ações que serão implementadas em Alagoas.

Segundo a Secretaria de Estado da Agricultura (Seagri), emergencialmente existe a necessidade da obtenção de carros-pipa, adutoras funcionando, alimentos para animais, água para consumo humano e animal, alimento para os animais e água para agricultura.

“Existem casos em que a quantidade de carros-pipa ainda é pequena para abastecer municípios como São José da Tapera, que tem um território grande”, informou a assessoria de imprensa, que se posicionou no lugar do secretário, José Marinho, já que ele passou a sexta-feira em Salvador, onde o plano nacional de combate à seca foi anunciado.

A Seagri informou que ainda não foi calculado um percentual exato sobre as consequência da seca na produção de alimentos, mas já se sabe que houve uma redução na produção de feijão e milho. “Apesar de saber disso, nós ainda não possuímos um comparativo com o ano passado”.

REDUÇÃO DA SAFRA

Escassez de alimentos resulta em aumento de preços na capital

Com a redução da safra de alimentos por conta da seca, o preço dos produtos tende a aumentar e isso atinge também a população da capital alagoana. Com a seca, além da escassez de feijão, existe a redução dos derivados do leite, pois o desenvolvimento das pastagens também ficou prejudicado.

Diante deste cenário alarmante, os governos federal e estadual tomaram algumas medidas como o envio de recursos do Fundo Estadual de Combate e Erradicação da Pobreza (Fecoep) para aquisição de bagaço de cana-de-açúcar para servir de alimento para o gado. Foram compradas 6.600 toneladas e repassadas aos agricultores dos municípios em situação de emergência. A assessoria da Seagri afirmou que uma parte deste bagaço já foi entregue.

Outra ação é a limpeza de barragens e açudes. O governo contratou 33 retroescavadeiras para cada município. “Na época da contratação, só haviam decretado estado de emergência 33 municípios”, explicou a assessoria. Esta ação irá ampliar e limpar as barragens e açudes, armazenando mais água da chuva e limpando o local de depósito.

A Secretaria de Estado do Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Semarh) está coordenando uma medida para recuperar as nascentes e poços artesianos dos municípios de Palmeira dos Índios, Quebrangulo e Mata Grande.

Após a criação do Comitê Integrado de Combate à Seca, a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) está repassando o grão de milho em sacas de 60 quilos para produtores de gado dos municípios afetados. “Esse milho é vendido a um preço mais baixo que o comercializado no mercado”, emendou a assessoria da Seagri. O governo já repassou até agora 3,3 milhões de quilos de milho.

Se o agricultor possui até 40 animais, o saco irá custar R$ 18,12. Se possui de 41 até 120 animais, o valor da saca irá custar R$ 22, e acima de 120 animais a saca custa R$ 24,60. Para evitar que o agricultor que possui mais animais compre a saca a um preço menor, existe um limite de sacas de milho que cada agricultor pode comprar.

Para a secretária da Associação dos Municípios Alagoanos (AMA), Margarete Bulhões, a situação piorou no decorrer de seis meses e o Alto Sertão alagoano sofre mais. “Para piorar a situação não existe previsão de chuva e o governo decretou a situação de emergência nos municípios afetados por mais três meses”, contou ela.

Por Tribuna Independente

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