Autobiorafia: GRUPO DE JOVENS LUVESP (Família LUVESP)

* Andrea Santana Alves Noberto (Formanda do curso de Pedagogia - UNINTA)
* Edneize de Oliveira Santos (Formanda do curso de Pedagogia - UNINTA)


O presente texto irá narrar a história de um grupo religioso que marcou história em determinada região, tornando-se um marco na vida de muitas pessoas, alterando destinos, realizando trabalhos sociais, influenciando várias outras comunidades, permanecendo vivo, mesmo quando tantos outros esmoreceram. Para escrever essa narrativa, foi entrevistado um dos fundadores e até hoje atuante no grupo, o professor Cícero Santana.

Tudo iniciou no Sítio Campo Alegre, zona rural do município de Olivença que é uma comunidade, onde as pessoas são católicas muito atuantes. Sendo uma comunidade pequena abrangeu outras ao redor e se tornou lugar de concentração para atividades religiosas, tendo como pólo a casa de seu Expedito Guardiano, um senhor bastante devoto, que fez das árvores dos arredores de sua casa uma igreja, onde passou inclusive a ter missas bimestralmente e anualmente realizando um evento maior, onde vinham pessoas de várias regiões, tanto do município como de municípios vizinhos, anos depois o senhor Expedito conseguiu construir uma capela ao lado de sua residência, tendo como padroeira Nossa Senhora da Conceição.

Havia um movimento bíblico composto tanto de jovens como de pessoas com mais idade, estes realizavam diversas reuniões bíblicas no município, porém os jovens do movimento bíblico começaram a dialogar sobre a criação de um grupo exclusivo para jovens, como já existia na cidade, esses jovens foram Djalma Luciano, Cícero Santana, Suelí, Janiscleia Santana e Lúcia Pereira. Começaram a discutir sobre a criação do grupo e sobre o nome a ser dado, na época estava sendo construída a capela. A empolgação era grande, havia muitos jovens naquela comunidade, muitos unidos por laços de sangue, sobrinhos e netos do fundador da Capela na região. Decidiram criar o grupo e ficaram indecisos sobre que nome dá, pensaram em colocar o mesmo nome do grupo da cidade, porém decidiram que não seria interessante, eles queriam ter sua própria marca, seu próprio nome.  Em uma das reuniões, uma das jovens de nome Suelí teve uma ideia e escreveu a seguinte frase: Jovens lutando para vencer como o Espírito Santo. Todos gostaram do nome e juntaram as letras para formar uma sigla, fazendo as devidas alterações para que o nome ficasse fácil de pronunciar e assim nasceu o nome do grupo: LUVESP, surgindo logo no início de 1998, porém ainda dando seus primeiros passos, se organizando definitivamente e colocando como marco inicial o dia 24 de outubro do ano de 1998, que consideraram um marco histórico para o grupo, onde de fato começaram sua caminhada.

O grupo reuniu multidões, os fundadores convidaram os jovens dos arredores e praticamente todos faziam parte, homens e mulheres e como não seria diferente de toda concentração de jovens, surgiram casais que começaram a conviver no grupo e muitos findaram casando, influenciando para o resto da vida no destino desses jovens. Era uma animação sem fim, rezas muito animadas, sendo que na época estava muito forte a tendência trazida por Padre Marcelo Rossi, que começou a tradição de fazer da reza uma coisa alegre, festiva, com danças, inclusive. Então tudo era festivo, atraía muita gente, inclusive na época os pais eram muito conservadores e os eventos religiosos eram os únicos permitidos, principalmente para as mulheres. Havia reuniões aos domingos na capela, quando não havia em casas de pessoas ou mesmo viagens para vários lugares, até para outros municípios.
Era um grupo organizado, fizeram tudo de forma regular, elegeram presidente, na figura do Djalma 

Luciano, coordenadora Janiscleia Santana, neta do fundador da capela e havia vice-coordenador, tesoureiro e secretária que lavrava as atas, pois até atas das reuniões eram feitas. A coordenadora Janiscleia demorou pouco, pois esta casou e foi embora do estado, deixando a coordenação para o entrevistado Cícero Santana. Cícero Santana ao lado de Djalma Luciano e João Santana seguiram como “cabeças” do grupo. Em entrevista Cícero Santana disse, “Nós éramos como uma trempe, eu, Djalma Luciano e João Santana”, fazendo comparação com a chapa de ferro que dá sustentação à panela, assim eram os 3, que mantinham o grupo vivo e de fato ainda mantém até hoje, sendo que Djalma se afastou mais do grupo. Professor dos anos iniciais, Cícero como uma pessoa instruída e bastante curiosa em aprender sempre mais, foi provavelmente a principal figura do grupo, inspirado em seu tio Expedito Guardiano e no novo vizinho João Valdemar, que liderava o movimento bíblico, tornou-se um líder dos demais jovens. O mesmo, em entrevista, chegou a afirmar “Eu era tudo dentro do grupo na época, eu era para cantar, eu era para tocar, para fazer reflexão, para fazer momento de oração de louvor dentro do grupo, que eu fazia, eu gostava de animar, me chamavam até de Padre Marcelo Rossi.”

Em seu ápice, o grupo chegou a mais de 100 membros, como se diz no popular “um puxava outro”. O grupo ficou famoso no município e até fora do município, ultrapassou e muito a atuação e membros do grupo de jovens da cidade e passou a influenciar várias outras regiões que resolveram criar seus próprios grupos de jovens, formando diversos grupos, que promoviam reuniões e se encontravam uns na comunidade dos outros, ocasionando casamentos até mesmo entre jovens de grupos diversos e fizeram até competições entre os grupos. Era um grupo com tantas funções para jovens, era ponto de encontro, era lugar de oração, festa, reza, tudo. Viajavam quase todos os domingos para outras regiões, dando, no entanto, preferência sempre à missa bimestral da capela, não marcando viagens para fora nesse dia.

Com o tempo, o grupo se organizou para ter uma função social, arrecadando alimentos, roupas, calçados e cobertores para as pessoas mais carentes, que iam aos montes buscar na casa de um dos fundadores, o entrevistado Cícero Santana e passou a visitar doentes. Desta forma, o grupo ultrapassou as paredes da Igreja e passou a atuar na comunidade também de forma social, deixando seu marco na vida de muitas pessoas na região.
O Luvesp resistiu ao tempo, passou para outros coordenadores, o cargo de presidente foi extinto, porém Djalma Luciano por ser já uma pessoa bem madura continuou com outra nomenclatura, passou a ser conselheiro do grupo, que tinha como função aconselhar algum jovem que se desviasse do grupo. Hoje, porém só existe coordenador, tesoureiro e secretário.

Com 20 anos de história do grupo, os fundadores hoje já não são tão jovens, porém continuam como alicerce, dando suporte aos novos jovens. Hoje fazem parte do grupo, inclusive filhos dos fundadores e dos primeiros membros do grupo. Passou a englobar jovens das diversas idades, jovens pais de adolescentes, jovens adolescentes e até crianças. As fardas, inicialmente cor de vinho, passaram por várias cores e modelos, sendo hoje em dia, mudadas todos os anos. Virou patrimônio cultural, os antigos membros têm um apego sentimental pelo grupo e continuam, mesmo que de forma simbólica, no grupo, fazendo fardas para a família toda, atualmente ainda se fazem mais de 50 camisas por ano.
Como toda tradição, o grupo atravessa dificuldades para se manter, pois os jovens de hoje possuem outros pensamentos, almejam outras coisas, nada é mais igual. Dessa forma, o grupo decaiu bastante, já pouco se reúne para conversar e já não realizam reuniões bíblicas, mantém-se vivo por força de vontade de seus fundadores e de alguns jovens que hoje estão à frente do grupo, tendo como coordenadora a jovem Edjane. Ainda participam como grupo, das missas que há alguns anos passou a serem mensais, mas sem a mesma empolgação de antigamente, do antigo grupo animado, resta apenas a lembrança e a saudade que seus membros antigos sentem, hoje tudo preocupados com suas ocupações diárias, família, filhos, trabalho, já não são os jovens despreocupados que podiam viajar todo domingo.

Hoje o grupo deixou de ser chamado “Grupo Luvesp” e passou ser chamado “Família Luvesp”. O grupo se adequou à tecnologia, tem página no facebook e inclusive um Blog. Seus membros discutem assuntos pelo grupo de whatsapp, tudo se inovando. Vale ressaltar que o Luvesp foi o único grupo de jovens no município de Olivença, que resistiu ao tempo, os outros foram extintos, mas o Luvesp tenta manter-se vivo a todo custo, como um patrimônio cultural da região e patrimônio cultural de um grupo de jovens, que tiveram suas vidas marcadas com uma juventude alegre e plena, unindo religião e diversão, vivendo momentos inesquecíveis. O Luvesp marcou história e marcou vidas.

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